Hoje tenho três convidados especiais falando sobre as primeiras semanas morando fora, quais foram os sentimentos, situações e medos que ficaram marcados.
Jéssica Philippsen - Atualmente morando na Nova Zelândia
No
meu ponto de vista mudar de país é complicado por vários fatores.
Eu vim pra Nova
Zelândia com working holiday. Eu vim com pouca grana e
por isso o meu desespero por emprego logo de cara foi grande.
No começo foi tudo
muito difícil, principalmente porque eu não falava bem inglês. Falava apenas o meu nome
e o que eu achava que sabia, na verdade eu não sabia, pois o sotaque daqui é
muito diferente do inglês que eu aprendi na escola.
Eu senti muita
dificuldade em entender as pessoas e no começo eu entrei em pânico e achei que
eu não fosse passar do primeiro mês aqui do outro lado do mundo. Muiiitas
lágrimas rolaram nessa fase de adaptação. O que facilitou um pouco foi que eu tinha
o meu primo morando aqui e logo me envolvi com brasileiros que me deram muito suporte e também comecei a namorar. Me ajudaram com emprego e tudo mais no que eu precisava. Eu
também soube me virar bem com as mímicas., claro. rs
Enfim... Aprendi um
pouco do inglês e as coisas ficaram um pouco melhor.
A parte mais
difícil em relação a saudade são principalmente em datas comemorativas, tais
como dia das mães, dia dos pais, aniversário de alguém da minha família. Com o tempo eu
fui driblando muito bem a saudade. A minha passagem de retorno pra casa eram em três meses, depois passou pra um ano até que... Ela não existiu mais.
Aqui estou a 1 ano,
9 meses e 2 dias e agora eu posso dizer que a saudade é demaaais. Tem horas que
eu penso em comprar passagem pro Brasil na mesma hora e voltar pra casa.
Eu sinto muita
saudades de estar com a minha família, eu vejo o tempo passar, as coisas
acontecerem e eu aqui, longe de tudo e todos. Todos os dias eu venho me
perguntando se tudo isso está valendo a pena. Será que vale a pena você começar
uma nova vida longe da sua família?
Hoje em dia eu fico
muito dividida entre ficar aqui ou retornar ao Brasil. A saudade cresce a cada
dia que passa e tem horas que eu penso que não vou aguentar. A saudade ficou
ainda mais forte quando a minha mãe veio me visitar e retornou ao Brasil.
O começo foi mais
fácil pra mim, tudo era novo, tudo era diferente e eu estava desfrutando, mas
hoje em dia eu já não sei mais.
Enquanto isso, eu
vou seguindo dia após dia e de coração aberto pro que der e vir.
O que acalma ou me
deixa ainda mais saudosa é saber que em junho eu vou passar férias no
Brasil. Quero que os dias passem rápido. Não vejo a hora de pousar em
POA, abraçar a minha família e estar no meu quarto.
Tic tac, tic tac...
E o som do relógio me enlouquece.
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Olá!
Tenho o imenso prazer
em escrever para o blog da Beth, sobre as minhas primeiras impressões vivendo
fora do Brasil. Primeiramente vou me apresentar e dizer onde
estou morando: sou Vinícius, gaúcho, morador oficialmente recente“ (me
registrei como morador a poucos dias, apesar de ter chegado aqui em meados de
setembro) de Harkebrügge (não se preocupem! se pronuncia
assim: Rárquebruegue), no estado da Niedersachsen (baixa saxônia),
na Alemanha.
Estou morando
temporariamente com meus parentes, sendo que em troca eu os ajudo nas tarefas
diárias, seja em casa ou no galpão dos cavalos. Estou procurando
emprego e já fiz algumas entrevistas (ansioooso…), tenho conta em banco,
enfim aos poucos estou me acostumando com o jeito germânico.
Eu tomaria um tempo
muito grande das pessoas descrevendo o que me levou a sair do Brasil, desde
antes da viagem, os preparativos… o medo que eu tive, no aeroporto, da vida
nova que eu teria… e o que foram os meus primeiros dias e o que vem sendo até
agora.
O ponta pé inicial
dessa minha empreitada num país muito diferente do Brasil foi o meu desejo de
aliar o desbravamento de nova experiências e fazer um mestrado. O que definiu
para onde eu iria foi o fato de eu ter a cidadania alemã (prost!)
e de eu ter parentes que não emigraram para o Brasil
no período entre as grandes guerras mundiais. Com esse suporte, me
senti confiante em iniciar essa doideira que é sair da zona de conforto da
casa dos pais haha.
Bueno,
primeiramente cheguei aqui no meio de um onda de refugiados sírios, em vista
aos conflitos internos lá. Pensem, eu sou moreno claro, com barba, cabelo e
olhos escuros… muita gente pensou que eu era um refugiado sendo abrigado pelos
meus parentes. Uns se solidarizaram e perguntaram se eu não
precisava de um emprego haha. Na realidade preciso sim, mas preciso estudar também. As pessoas aqui
tem dificuldade em dizer de onde venho, em vista que eu sou muito branco pra
ser árabe, tenho a cara muitas vezes vermelha por causa do frio, coisa que
pouca gente fora do centro-norte da Europa tem. Enfim, preciso sempre dizer de
onde venho, pois Brasil é uma das últimas alternativas que eles pensam.
Além da
minha aparência, que por momentos é vista como “exótica”, ou
com desconfiança, percebo que a língua, o jeito de se expressar
influencia enormemente na aceitação social. Em ambientes onde
o tratamento é mais formal, nem sempre falar inglês é a
melhor solução. Tive um caso na Oktoberfest em Munique, onde uma
guria que estava na mesma tenda que eu, teve problemas com as coisas da reserva
dela (roupas de cama fornecidas pelo camping/hostel), pois outra brasileira de
má fé roubou e a culpa recaiu sobre ela que nada tinha feito além de reservar
as camas. Pois bem, sob o olhar dos donos do camping ela era a responsável pelo
ocorrido e deveria se explicar. Ela tentou no melhor inglês que ela podia,
porém os atendentes estavam sob stress e logo descarregaram o famoso azedume alemão nela. Eles retiveram
o passaporte dela e ela tinha um voo horas depois. Pensei em ajudar e conversei
calmamente em alemão: comecei com um com licença “(Entschuldigen Sie bitte),
argumentei com por favor“ (bitte!) e terminei com obrigado!“(danke). Enfim, respeitei as normas
sociais de tratamento deles, falei na língua deles e mantive a calma…
resultado: a guria recebeu de volta o seu passaporte, e não ficou com
fama de pessoa de má fé.
É muito importante
ressaltar que aqui, esse azedume se deve ao número elevado de pessoas que
exigem que todo mundo fale inglês, pois a língua alemã é muito
difícil. Muitas pessoas pedem coisas em inglês sem por favor ou
com licença, em troca recebem um coice do(a) vivente.Aqui é
necessário saber ser educado sem bajular, ser franco e não dar
jeitinho nas coisas, caso contrário a coisa o de ficar feia. rsrs.
Além da linguagem e
como me expressar, notei o senso de justiça das pessoas de uma
maneira geral. Ser justo significa que tu estás sendo correto e ajudado as
coisas fluírem pelo melhor caminho. em outras palavras, eles
detestam desordem. DETESTAM, ODEIAM! preferem também que tu
perguntes, em qualquer ocasião que a situação exige um
entendimento mútuo, ou seja, querem as coisas bem claras. Limpo no limpo,
elas por elas.
Apesar da ordem
social ser fundamental aqui na Alemanha, muitos problemas surgem quando tudo é
quase que totalmente “perfeito” tais como alcoolismo, excessos dos mais
diversos tipos, suicídios, chauvinismo (sim, aquele velho chauvinismo prussiano
ainda fica encrustrado em alguns seres), etc. Fora isso de uma maneira geral as
pessoas são amáveis e quando dizem que vão te ajudar,
elas ajudam mesmo! Adoram ver e fazer as pessoas felizes,
gostam do contato com a natureza e tem uma baita responsabilidade com
os cães, pois nem um é visto perambulando pela cidade sem rumo.
Em relação ao
Brasil, as boas coisas da minha terra natal estarão sempre
comigo, nas minhas lembranças e sentimentos. Seja aqui
ou em outro lugar eu vou levar sempre as melhores impressões comigo,
de forma que o que foi bom, permaneça.
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Quando eu cheguei
na Holanda, logo me assustei com tudo tão novo, ainda mais porque eu não falava
inglês e também entendia pouco. Demorou 15 dias para eu perder a vergonha e começar
a falar. Me lembro que eu estava tão assustada que no caminho do aeroporto pra
casa da host family eu queria voltar para a minha casa.
Eu chorava bastante
no começo, principalmente quando falava com a minha mãe pelo telefone.
Acho que era só
medo mesmo, o tempo foi passando, eu comecei a me comunicar, fiz algumas
viagens, e não me esqueço no dia que eu fui pra Utrecht e andei numa rua que eu
sempre passava e dessa vez achei tudo tão lindo, foi quando eu percebi que os
três meses da adaptação tinham passado.
Fazia exatamente
três meses que eu estava lá, e parece que foi mágica, eu comecei a ver tudo
diferente e passei a amar estar lá.
Meu conselho é que
se no começo estiver difícil a adaptação não desista porque melhora - e muito.
Toda mudança dói, mesmo aquelas que nós tanto ansiamos, como era meu caso.
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